Os estudantes brasileiros possuem grandes dificuldades do idioma francês. Depois de alguns anos dedicados ao ensino do francês, nós da equipe FCM conseguimos identificar alguns padrões dessas dificuldades entre eles. Confira abaixo 10 desses padrões, seus motivos e uma breve explicação de cada!
- Preposições
- Partitivos
- Som do R
- Datas
- Pronomes
- Regência
- Pronúncia
- Plus e Très
- Très e Beaucoup
- Imparfait e Passé Composé
1. Preposições: à la, dans, en, sur, pour, par, sous, chez…
Em primeiro lugar, a campeã de dificuldades do idioma francês: as temidas preposições. Elas aparecem aqui na lista não pelo fato de serem difíceis, mas pelo seu exato contrário. A grande maioria dos alunos acredita que não tem nenhum problema com elas, mas as utiliza errado.
A confusão ocorre principalmente porque tentamos fazer a tradução literal dessas palavrinhas para o português. Contudo, nem sempre essa estratégia nos ajuda. Além disso, dependendo da preposição, ela pode ser utilizada para falar de uma mesma coisa, porém segundo regras específicas
Por exemplo, para falar de lugares, nós podemos utilizar à, en e dans… mas, cada uma segue uma regra diferente:
- À refere-se às cidades: à Paris (em Paris), à São Paulo (em São Paulo)
- En refere-se aos países femininos ou aos continentes: En France (na França), en Europe (na Europa)
- Dans refere-se ao interior dos lugares: dans le cinéma (no cinema), dans ma chambre (no meu quarto)
E, dependendo do contexto, ainda há outras possibilidades de preposições de lugar, como:
- Pour para indicar destino: Il part pour les Antilles (ele parte para as Antilhas)
- De para indicar origem: Le lait de Normandie (o leite da Normandia)
2. Partitivos: du, des, de la
Os partitivos também são motivo de dor de cabeça para os brasileiros que se aventuram na língua de Molière. Parte da gama de palavras que não possuem uma tradução para o português, o du, des, de la são essenciais no francês. Por isso, não devem ser deixadas de lado!
Atente-se para a sua utilização. Se estivermos falando de uma quantidade indefinida, o partitivo precisa aparecer e sempre concordará com aquilo de que se fala. Tanto no singular quanto no plural, no masculino ou no feminino.
3. Som do R com consoantes
A pronúncia do R no francês é bem singular – e nessa singularidade reside parte do charme da língua. Entretanto, certos alunos possuem dificuldades do idioma francês ao fazer a pronúncia da letra. Em especial quando ela aparece acompanhando uma outra consoante. É o caso da palavra Brésil (Brasil).
Dependendo da região do país que o estudante vive, tal dificuldade pode ser mais ou menos acentuada. Alunos FCM que moram nos estados do nordeste ou no Rio de Janeiro, pronunciam o R com consoantes sem grandes problemas.
Isso porque eles já falam, cotidianamente, um R com uma sonoridade bem parecida com aquela do francês. Para aqueles que sentem dificuldade, o segredo é imaginar uma vogal entre o R e a consoante que o antecede. E aí, ler a palavrinha de uma maneira rápida.
Por exemplo, seguindo essa dica, Brésil ficaria “Berésil”. Uma vez lendo “Berésil” de maneira rápida, a pronúncia fica bem semelhante à forma que ela deve ser normalmente.
A partir daí, é só treinar para que você consiga ler de maneira mais natural, sem esse truquezinho!
4. Datas
Diferentemente do português, não se coloca um “de” entre o dia, o mês e o ano nas datas em francês. Então, 02 de janeiro de 2018 ficaria 02 janvier 2018. Contudo, não é raro que os alunos brasileiros se esqueçam desse pequeno detalhe, inserindo esse “de” em suas falas ou textos.
Os motivos da confusão são vários. O formato de data do Brasil é bem semelhante ao francês e é possível utilizar a palavra “de” em francês da mesma forma que utilizamos no português. Mas, lembre-se que a data é uma exceção! Anote isso!
5. Pronomes em geral (mas principalmente, o y e o en):
Junto das preposições, os pronomes são um outro terror dos estudantes brasileiros. Muito da dificuldade do idioma francês surge pelo fato de que raramente utilizamos pronomes no português como utilizamos no francês.
Mas, para além disso, também há outro fato. Alguns dos pronomes em francês não possuem exatamente uma tradução para o português. É o caso de:
- Y, que substitui complementos do tipo “à quelque chose” ou “à + lieu”. Como: elle y pense (ela pensa em algo) ou elle y va (ela vai à algum lugar).
- En, que substitui complementos do tipo “de quelque chose” ou “de + partitif”. Como elle en parle (ela fala de algo) e elle en mange (ela come uma parte de algo)
São, portanto, dois desafios. O primeiro de aprender e entender as regras de utilização de cada um dos pronomes. O segundo de criar o hábito de utilizá-los em suas falas e produções escritas.
6. Regência dos verbos
Para saber utilizar corretamente os pronomes citados acima, é preciso também conhecer a regência dos verbos. Isto é, se o verbo vem acompanhado de preposição, de pronome ou não. A dificuldade dos estudantes aqui é que não há uma regra propriamente dita. A regência de um verbo vai depender do que aparecerá depois dele.
No francês, após um verbo conjugado pode aparecer complementos do tipo “quelque chose“, “quelqu’un” ou até mesmo um verbo no infinitivo. Dependendo do verbo e do complemento, as preposições variam. O verbo apprendre (aprender/ensinar) nos mostra exatamente essa diversidade de possibilidades:
- Apprendre quelque chose: J’apprends le français. (eu aprendo o francês)
- Apprendre quelque chose à quelqu’un: J’apprends le français aux étudiants. (eu ensino o francês aos estudantes)
- Apprendre à quelqu’un à faire quelque chose: J’apprends aux étudiants à parler français. (eu ensino os estudantes a falar francês)
- Apprendre de quelqu’un à faire quelque chose: J’apprends du professeur à parler français. (eu aprendo do professor a falar francês)
7. Pronúncia do final das palavras
Outra das dificuldades do idioma francês para os estudantes é a regra de não pronunciar o final da grande maioria das palavras. É o caso de parte das conjugações da 3ª pessoa do plural, como parlent (falam), mangent (comem), chantent (cantam). Nelas, suprimimos o som das três últimas letras.
8. Utilização de plus no lugar de très
Plus significa uma quantidade, um valor superior; já très significa um superlativo absoluto. Plus é o equivalente ao “mais”, très por sua vez é equiparável ao “muito”. São os significados próximos que promovem uma certa confusão na hora da fala.
9. Diferença entre très e beaucoup
O item 9 nos leva à outra das dificuldades do idioma francês: a diferença entre très e beaucoup. Se como vimos, très exprime um superlativo absoluto, ele deve ser utilizado junto de um adjetivo ou um advérbio. Por exemplo:
- Victor est très patient (Victor é muito paciente)
- Marcel court très vite (Marcel corre muito rápido)
Beaucoup, por sua vez, exprime a quantidade, a abundância. Assim, utilizamos sempre depois de um verbo ou antes de um substantivo. Olhe só:
- J’aime beaucoup la France (Eu amo muito a França)
- Nous avons beaucoup d’amis en France (Nós temos muitos amigos na França)
10. Imparfait x Passé composé
E, para encerrar, uma outra grande dificuldade de brasileiros que estudam francês é saber quando utilizar o imparfait e o passé composé. Esses dois tempos do passado podem causar uma grande confusão.
A dica é pensar que se o passé composé fala de eventos pontuais do passado, o imparfait descreve esse passado. Vamos pegar um exemplo:
- Quand je suis rentré, il préparait le café (quando eu voltei, ele preparava o café)
Nessa frase, je suis rentré demonstra uma ação pontual no passado, portanto, utilizamos o passé composé. Mas il préparait descreve o que estava ocorrendo nesse passado, quando je suis rentré. Por isso, devemos empregar o imparfait.
E aí, se identificou com essas dificuldades do idioma francês? Ficou faltando alguma aqui?
Conta para a gente nos comentários!