Certamente você já deve ter visto em algum lugar aquela marca dos dois C’s entrelaçados, não é? É o símbolo da marca francesa Coco Chanel, uma das maiores marcas de luxo do mundo!

Mas, você sabia que por trás dessa marca há a história de Gabrielle Chanel, uma mulher disruptiva para sua época? Confira abaixo um pouco da história de Coco Chanel e como a marca que leva seu nome tornou-se um símbolo da moda francesa.

A vida de Gabrielle

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Gabrielle Chanel nasceu em agosto de 1883 no Pays de la Loire, na França. De origem humilde, ela descendia de uma família de camponeses. Viveu os primeiros anos de sua vida junto a seus pais e seus quatro irmãos em um abrigo em Saumur.

Quando sua mãe, Jeanne Devolle, faleceu aos 33 anos de idade, em 1895, seu pai tomou uma difícil decisão. Colocou os dois filhos homens para trabalhar em uma propriedade rural.

Suas três filhas, enviou para a região de Corrèze, na França central. Mais especificamente no convento Aubazine, onde elas permaneceram sob a tutela de freiras.

Com 18 anos, Chanel se mudou para um pensionato feminino católico em Moulins, aos 20 iniciou seus trabalhos como costureira. Nessa época, também cantava em um bar nas horas vagas. Foi daí que surgiu seu apelido “Coco”, nome que saiu de uma canção de seu repertório.

Foi nesse bar onde ela conheceu Étienne Balsan, um ex-oficial, que se tornou seu amante. Com 23 anos, ela foi morar no castelo dele em Compiègne (a 75 quilômetros de Paris).

Alguns anos depois, em 1908, ela conheceu um de seus grandes amores: Arthur Capel, apelidado Boy, um membro da alta sociedade inglesa. Nesse ano, ele a auxiliou em sua instalação em Paris, bem como na criação de um ateliê de chapéus femininos.

A marca Chanel

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O negócio deu certo. Entre 1914 e 1918, período da Grande Guerra, Chanel chegou a empregar trezentas operárias em uma linha de confecção. Inaugurou sua Maison — até hoje uma referência em Paris — no número 31 da Rue Cambon, atrás da Place Vendôme.

Em 1920, já havia se tornado uma empresária reconhecida. Suas criações (os vestidinhos pretos, os suéteres e as sais curtas plissadas) circulavam para além das fronteiras da França.

Seu objetivo enquanto criadora era de liberar as mulheres dos espartilhos e das roupas que limitavam o movimento do corpo. Misturando os códigos de vestimenta masculino com o feminino, Chanel tirou a cintura das roupas, simplificou as peças e adaptou os tecidos para a vida do cotidiano.

Foi depois disso que resolveu iniciar a concepção do perfume que figura até hoje entre os mais vendidos do mundo. O Chanel Nº5.

O famoso Nº5

coco chanel nº 5

Coco Chanel criou um símbolo aromático para as garçonnes (de garçon, menino em francês), mulheres emancipadas com um ar unissex. Com o auxílio do até então grão-duque russo Dimitri Pavlovitch e do químico e perfumista Ernest Beaux.

Sua ideia era que o aroma evocasse a feminilidade de uma mulher. A história por trás da escolha do aroma (bem como pelo seu nome) é famosa. Dentre as várias formulações, numeradas de 1 a 5 e de 20 a 24, apresentadas por Beaux à Chanel, a costureira escolheu a de número 5.

E o que se sabe da fórmula até hoje? Que ela é bastante complexa, conta com oitenta ingredientes. Dentre eles, o mais importante é um jasmim que cresce apenas na região de Grasse, na França!

Mas não é apenas o cheiro que é indescritível. Sua embalagem também é emblemática. Longe dos frascos de estilo barroco que eram utilizados, Gabrielle escolheu um frasco minimalista e geométrico. E, se olharmos bem, a tampa do flacon (frasco) é exatamente o contorno da já citada Place Vendôme!

Apaixonante, não? Seu lançamento oficial foi feito em 5 de maio de 1921, e não é preciso dizer que foi um sucesso absoluto. O canal da marca no Youtube fez um vídeo (em francês, mas com legendas em vários idiomas) contando mais detalhes sobre a história do perfume.

Um período sabático para Coco Chanel

No entanto, a história de Chanel no mundo da moda não para por aqui. Com a Segunda Guerra, ela acaba saindo de cena e mantém-se longe dos holofotes até 1954. Nesse período, momento difícil para a França, no qual a cidade de Paris estava sob ocupação, Gabrielle colabora com altos oficiais nazistas.

Os detalhes dessa reviravolta podem ser lidos no livro “Dormindo com o inimigo”, de 2011. A obra é fruto da longa pesquisa realizada pelo jornalista norte-americano Hal Vaughan.

Após a liberação de Paris em 1944, Chanel parte para o exílio na Suíça e lá fica por 10 anos. Ao longo desse período, vemos o processo de surgimento do famoso New Look de Christian Dior, que dá as caras em 1947.

Ele trazia o exato oposto do que Chanel defendia no que se refere à liberação dos movimentos corporais das mulheres.

Em 1954, já com 71 anos, Gabrielle Chanel faz seu grand retour (grande volta). Ela aceita reabrir sua maison, que nessa época já havia sido comprada pelos irmãos Wertheimer. Vale dizer que a relação de negócios — e brigas — entre ambos data do início do sucesso do perfume Nº5.

Apesar da relação conturbada com tal família, e de sua primeira coleção do período ter sido mal-recebida (Dior realmente estava fazendo muito sucesso com a nova silhueta que levava a cintura marcada), sua marca voltou a ser reconhecida ao longo do tempo.

Principalmente após o lançamento das peças que se tornariam símbolos da sofisticação à la française. O tailleur de tweed (vídeo abaixo), os sapatos bicolores e a clássica bolsa de matelassê.

Um ícone eterno

A partir daí, o sucesso foi imenso e a marca de Coco Chanel estava em todos os lugares. Nos mais famosos filmes de Hollywood. Nas cinco gotinhas de perfume que Marilyn Monroe afirmava usar para dormir (abaixo). Até mesmo no tailleur rosa que Jackie Kennedy usava no dia do assassinato de seu marido, John F. Kennedy.

Cada elemento do estilo Chanel é uma história à parte. Para saber um pouco mais sobre seu vocabulário de moda, assista ao vídeo abaixo:

Apesar das grandes contribuições de Chanel no que se refere à moda, depois da Segunda Guerra a costureira passou a adquirir uma postura crítica em relação ao trabalho dos novos criadores da época. Principalmente aqueles que propunham mudanças drásticas no vestuário, como por exemplo a minissaia.

Chanel morreu em 1971, com 87 anos de idade, em sua suíte do hotel Ritz. No entanto, sua marca continuou existindo e sendo comandada pela família Wertheimer.

Alguns costureiros sucederam o lugar de Gabrielle na direção criativa da marca, mas foi com Karl Lagerfeld que os códigos da maison foram renovados e aclamados no mundo da moda.

Ele iniciou seu trabalho na marca em 1983 e lá permaneceu até sua morte, em fevereiro de 2019. Foi Virginie Viard, até então braço direito do costureiro, que assumiu o posto e continua lá até hoje.

Atualmente, a marca é uma das três líderes do luxo mundial. A título de exemplo, em 2018 ela teve um crescimento de 12,5% e era proprietária de um volume de negócios de 9,88 bilhões de euros. Superior ao PIB de 51 países.

Coco Chanel na mídia

Ficou interessado na história dessa costureira incrível? Então aproveitem para ver alguns filmes como:

  • Coco avant Chanel (2009);
  • Coco Chanel et Igor Stravinsky (2009);
  • Les Guerres de Coco Chanel (2018).
https://www.youtube.com/watch?v=IGfM6jTlV6A

E para os que pretendem viajar para Paris, não se esqueçam de passar pelo endereço da primeira maison Chanel. Sinta o mítico aroma do Chanel Nº5 e, claro, tire uma foto nas famosas escadarias onde ela sentava para observar seus desfiles de alta costura.

O museu de moda da cidade, o Palais Galliera, vai abrir em outubro de 2020 a primeira exposição francesa dedicada à costureira: “GABRIELLE CHANEL. MANIFESTE DE MODE”. A retrospectiva ficará aberta até março de 2021. Vamos torcer para conseguirmos visitar a França até lá!

Você conhece mais alguma curiosidade que não foi citada aqui? Conte para gente nos comentários!

O texto acima foi escrito a partir de duas fontes principais: o livro “Dormindo com o inimigo”, de 2011, de autoria de Hal Vaughan, e “Histoires de la mode”, de 2017, de autoria de Didier Grumbach.

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