Com certeza você já ouviu falar da série Lupin, que vem fazendo o maior sucesso na Netflix. Por isso, espero que esteja com o maior pique, pois a conversa de hoje promete dar todas as informações sobre ela. Menos os spoilers, é claro.
A história está conquistando cada vez mais espectadores no mundo todo (a Netflix afirma que já são 70 milhões! E são várias as razões que explicam todo esse sucesso. Então, acompanhe este artigo com atenção para se conectar com uma das séries francesas do momento!
História de Lupin
Antes de entrarmos nos detalhes dessa produção atualíssima, lançada em 08 de janeiro deste ano, precisamos contextualizar a história toda. Apesar do estrondoso sucesso em pleno 2021, Arsène Lupin é uma figura das antigas.
Criação do escritor Maurice LeBlanc, o famoso “Ladrão de casaca” (título no português brasileiro) apareceu pela primeira vez em 1905. A aparição foi na célebre revista Je sais tout – Magazine encyclopédique ilustre.
O fato ocorreu a pedido do editor Pierre Lafitte, que queria um personagem marcante para o universo do suspense policial francês. Tal como Sherlock Holmes foi e é até hoje para a Inglaterra.
Maurice LeBlanc atendeu prontamente o pedido de Lafitte. Assim, criou um personagem que, apesar de fora-da-lei, encantou de cara os leitores da revista. Engenhoso, charmoso, inteligente e até atrevido, Arsène Lupin era deboche puro contra a burguesia e as convenções sociais.
O ladrão criava suas próprias regras e enlouquecia o Inspetor Ganimard e, claro, Herlock Sholmes! Isso mesmo, um certo detetive britânico que passava poucas e boas com as artimanhas do “cambrioleur”. Este, aliás, tinha uma particularidade muito curiosa: avisava a pessoa a quem roubaria.
Lupin foi protagonista em nove histórias de LeBlanc, sendo que a primeira delas abre a cortina para suas peripécias. A narrativa “A prisão de Arsène Lupin”, que inaugura a coletânea, conta como foi sua ida aos Estados Unidos e sua prisão. Com mil disfarces e alto poder de sedução, ele deu um jeito de escapulir e partir para novos golpes.
A adaptação de Lupin pela Netflix
Agora que já sabe de onde vem esse sedutor e esperto bandido, está na hora de falar de sua adaptação para a televisão. O grande trunfo da série, é justamente manter seus traços característicos, que encantam gerações desde o início do século XX.
Escrita e produzida por George Kay e François Uzan, a série Lupin está dividida em dez episódios. Estes foram lançados em duas partes nessa primeira temporada. No papel principal está o excelente Omar Sy, conhecidíssimo pelo filme “Os Intocáveis” (Intouchables), de 2011.
Ele não apenas estrela esta superprodução, mas é também produtor artístico da série. Além de Sy, a série traz também as atrizes Ludivine Sagnier, Shirine Boutella, Nicole Garcia e Clotilde Hesme, e o ator Vincent Londez.
A primeira parte da série, com o título de Dans l’ombre d’Arsène é formada por cinco capítulos. Neles, é possível ver o Louvre e áreas muito conhecidas de Paris. Os episódios têm uma duração média de 45 a 50 minutos e te prendem do começo ao fim.
Vida e carreira de Assane Diop
Tudo começa com a história de Assane Diop (Omar Sy). Parisiense de origem senegalesa e apaixonado pelo mítico personagem de LeBlanc, ele se propõe a vingar seu pai. Este foi acusado pelo chefe Hubert Pellegrini de ter roubado um valiosíssimo colar de diamantes.
O pai de Diop é preso e, na cadeia, comete suicídio, deixando Assane órfão e desassistido. Quando adulto, vinte e cinco anos após a tragédia com o pai, ele decide usar todo seu carisma para se vingar. Seu objetivo é detonar a família Pellegrini, além de expor os crimes cometidos pelo corrupto patriarca dos milionários, Hubert.
A inspiração para isso vem de um exemplar da obra de Maurice LeBlanc que seu sofrido pai lhe deixou. Assim, ele assume a identidade do famoso ladrão do século passado e parte para a realização do seu audacioso plano.
No primeiro episódio, “Le Collier de la Reine”, a história de vida de Diop é totalmente revelada. Assim, os espectadores recebem todas as informações sobre a vida atual e pregressa do protagonista. Ademais, já percebem algumas pistas do que virá mais adiante.
Uma crítica social
Com apenas cinco episódios até o momento, fica claro, que o percurso de Assane Diop está só começando. A segunda parte da primeira temporada ainda não está disponível. Ainda assim, merece destaque a escolha do ator para esta produção.
Tanto George Kay como os diretores da série, Louis Leterrier e Marcela Said, faziam questão de um personagem central franco-africano. Segundo os próprios, havia a necessidade de expor as injustiças cometidas pelo establishment francês (na figura dos inescrupulosos milionários Pellegrini).
Muitas vezes, eles resultam em tragédias pessoais para membros da comunidade africana e árabe que costumam viver nas banlieues (periferias) parisienses. Isso sem falar de outras cidades francesas. Há, portanto, uma mensagem social importante nessa seleção, que se soma ao talento e à qualidade profissional de Omar Sy como Lupin.
Outro aspecto que merece destaque é a construção de um personagem charmoso, elegante e bom de bico. Ele subverte a noção quase inteiramente cristalizada no imaginário popular: que apenas os franceses sem raízes negras ou árabes podem ter o “je ne sais quoi” do estilo.
Nesse sentido, Leterrier ressalta que o propósito era mostrar o conceito de “ser um francês da atualidade”. De origem variada, o francês dos tempos modernos mantém o glamour e a classe francesas fundindo-os com sua formação racial e cultural múltiplas.
Por fim, os produtores queriam justamente atrair esse público da França, permitindo a identificação deste com o Diop de Omar Sy. Basicamente, um Lupin moderno.
À espera da segunda parte da série!
A Netflix, felizmente, já confirmou a segunda parte dessa primeira temporada, embora não tenha dado a data exata de lançamento. Enquanto isso, sugerimos degustar com atenção cada um dos cinco episódios disponíveis até o momento.
Outra dica é dar uma lida nas nove histórias que deram origem a essa ótima adaptação para a TV por streaming. Ah sim, e ainda tem um adicional: você ouve e entra em contato com a língua francesa ao mesmo tempo em que curte uma série de sucesso.
E então, vamos começar a maratona? À plus!